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sábado, 11 de fevereiro de 2012
Ele
Sentado no meio fio,
continua invisível.
Com a mão estendia,
tenta garantir o anestésico do dia.
Não sente mais tanta fome
e nunca soube o que era lar.
As pernas inchadas
já possuem uma cor avermelhada
e a barba falhada
cobre algumas partes do seu rosto.
O corpo magro
possui uma camuflagem de sujeira
de onde exala um odor marcante.
Os cabelos se juntam,
formando cones grudados.
O eterno silêncio
o transforma em uma estátua viva.
Espasmos trêmulos
anunciam que ali ainda existe vida.
Carros passam diante de seus olhos.
Motos e ônibus variam a paisagem.
Pessoas passam
de um lado para outro.
Moscas e mosquitos
já lhe são os únicos amigos.
Baratas e ratos
fazem vistas também.
Restam poucos dentes
e o pus escorre
dos cantos dos olhos.
O papelão
disfarça o frio que emana do chão
e não tem ninguém
para chamar de irmão.
Assim vive mais um homem.
Degradação,
esquecimento
e atropelo dos escombros sociais.
Assim é sua vida.
Nada mais.
Ah! Se não repelíssemos os infelizes...
ResponderExcluirTalvez fôssemos mais felizes
se tentássemos livrá-los
das ciladas da vida.
Cecília Fidelli
Ótimo poema do Fábio!
ResponderExcluirCoisa que na pressa a maioria das pessoas vê e faz vista grossa.