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Lei número 9.610 - de 19.02.1998.

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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Bethania - Poema do Menino Jesus - Fernando Pessoa

Eu, mulher.

- Se sou uma sonhadora,

você é o meu sonho.

- Se sou uma princesa,
você é o meu príncipe.

- Se sou uma flor,
você é o meu solo.

- Se sou a sensibilidade,
você é o meu poema.

Então, ao me seguir ao vento,
agarre-se em minhas asas, e
vamos voar.

Cecília Fidelli.

Brasil. 500 anos.

Brasil, eu queria muito ir à sua festa de aniversário.
Mas não tenho roupa, não tenho sapato, nem dinheiro pra condução.
Estou desempregada.
Pensando bem, acho que vou pelada, como os índios, de
500 anos atrás.
Não posso perder mais um teatro de fantoches em comemoração.
Sugiro que rezem uma missa, nem que seja a última missa,
com o gato do padre Marcelo, claro!
Só alegria!
É erguer as mãos e dar glória a Deus!
Brasil. 500 anos!
Parece que de uns tempos pra cá há um carnaval a mais a se comemorar.
Há?
Prefiro ficar alheia a essa farsa, já que o Brasil nem sabe da minha
existência, já que nós, o povo, somos um zero à esquerda.
Brasil. 500 anos. Velhas promessas.
Que diferença faria eu estar extasiada ou não?
Terra a vista!
Brasil, 500 anos, mas eu já ví esse filme antes.
Depois dessa certa idade, você já sabe o que vai acontecer com seus filhos?
Abraços verde-amarelo!
Mas deixo registrado o meu desagrado:
É o povo quem movimenta o Brasil,
mas a politicagem... retarda o movimento.

Cecília Fidelli.
- Publicado no COIZINE/SAULO DIAS
Maio/Junho de 1999 - Ano 1 - Edição número 5 -

Filosofando.

O estado de tristeza é comum ao ser humano.
Às vezes ele chega do nada e depois vai embora,
deixando sequelas que nunca serão arrumadas.

Laerçon J. Santos.

Impressão

Vitral.
Medieval.
Rimas ao acaso.
Coisas de poeta
que se expressa
em múltiplas cores.
Cores de poeta,
que com alguma frequência
é visto em preto e branco.

Cecília Fidelli.

Conselho.

Até uma grata lembrança
pode acabar com a solidão.
Portanto, sonha primeiro.
Depois chora.

Cecilia Fidelli.

Penso assim:

Deus está em oferta,
nas mais variadas religiões.
A idéia é que a sociedade - avançada -
louve a Deus ao som de estridentes guitarras.
- Dízmo - Senhor, que tal a nova tática de apresentação?

(Extraído do livro da vida).

Cecilia Fidelli.

Aliás...

O mundo já evoluiu o bastante?

Tecnologia é uma simplicidade
e poesia, é sub-produto de mercado.
Delírios tranformaram-se em realidade.
E o futuro, será em cavernas...
a La Bin Laden.

Cecilia Fidelli.

Era uma vez...

Ela entristeceu depois de longa solidão.
Cabisbaixa, quase sem vida,
perdeu o perfume, a cor.
Foi condenada a ser posta pra fora,
jogada talvez na calçada.
Sofreu o golpe do tempo,
que arrancou-lhe as pretensões.
Semi morta, sem encantos,
valoriza apenas o calor do sol no inverno.
Silencia à brisa tempestuosa,
que tem pedras nas mãos, não compaixão.
Inclinou-se, debruçada na janela,
para reverenciar a morte.
Desabrochou, encantou, mas,
aquela beleza deslumbrante ...
ficou nas mãos do tempo.
Era uma vez, uma flor.

Cecília Fidelli.

Toda bondade,
é uma grande delicadeza.

Toda delicadeza,
adoça qualquer aspereza.


Cecilia Fidelli.

É assim.


Sonhos,
são como folhas secas,
que o vento trás,
que o vento leva...

Sonhos,
são andarilhos da alma.
Só fragmentos poéticos.

Nascem,
percorrem as entranhas,
pra logo depois...
Boa noite, Cinderela!


Cecilia Fidelli.

Meditação.



Observar o céu
sob a proteção da madrugada
que se insinua revelando segredos.

Recolher-se a céu abeto,
arrojar sentimentos,
ouvir a conversa do vento...

No auge do processo
o poeta define oa suprema
importância da noite.
Circunda as estrelas,
sonda a lua...
Emerge do silêncio,
murmura contra-sensos.

Cecília Fidelli.


A tradicional cartinha.



Papai Noel, meu nome é Cecília.
E eu preciso te contar uma coisa.
Você vive aí no polo norte, tão isolado.
É o seguinte:
- Ainda temos maledicências, abôrtos, trabalho escravo,
famintos, cárceres, drogas, pessoas desaparecidas,
doenças, sequestros, enchentes, a Instituição familiar
está pràticamente falida, etc. etc.
E parece que o cidadão comum veste tudo isso
e mais um pouco com a túnica do O FUTURO A DEUS PERTENCE.
A mídia não fala de antídotos principalmente nessa época
onde o mercado de luzes vai que vai e parece que isso basta.
Em Dezembro, todo ano isso se repete, aos flagelos sociais,
palavras que pensam que comovem.
Ah! Tá bom.
Temos música, umas auto-ajudas, telas e cores que parecem
substituir até a cromoterapia.
Temos religiões por atacado, as expressões da arte,
grupos teatrais perseverantes e o mundo está cheio daqueles
amiguinhos invisíveis que chegam pelo computador.
A maioria de nós oferece um... rir é o melhor remédio.
Enfim, essa carta nem teria fim se eu embalace a escrever-lhe.
Só sei que o processo de evolução parece estar sempre no início.
E que ainda vamos demorar um bocado pra estancar os sangramentos.
Ah! Se tiver problemas com seu trenó, procure um aeroporto.
Se que esse serviço nessa época do ano...
Se alguma criança não receber presente, diz que os meios de
transporte, as estradas estavam um caos, por isso não tempo.
De minha parte, já te dei folga há muito tempo.
E perdoa se vim reforçar um laço e acabei com a sua paz.

Cecília Fidelli.
Felicidade pra mim,
tinha que vir num relâmpago, nesse instante.
E no instante seguinte, e no outro também.

Cecilia Fidelli
Já que posso escolher está decidido.
Amanhã, serei mais feliz do que hoje.

Cecilia Fidelli


Aquele que semeia poesia, enche o campo de bons grãos.

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Prioridade é sentir (se).
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Tem coisas que realmente me arrepiam.
Fantasmas e louça suja na pia.
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Escrever são raras oportunidades de estar dentro de mim mesma.
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É impraticável viver sem harmonia.
Sem oração, sem amor, sem poesia.
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Tristeza, nem criança fantasia.
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Na oração da noite,
com a ingenuidade dos anjos,
a eficácia de alcançar a paz dos sonhos.
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Poesia é constante oportunidade de transformar sombra, em luz.
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Hoje, quero a pureza da criança rezando
e o bem estar da velhice tranquila,
esvaziando meus incômodos dias
de incinerações.
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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Desembaraçar a vida é missão de artista, de equilibrista.
Você está desembaraçando... ou perdeu o equilíbrio?

Cecília Fidelli.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Chapadão

O Violoncelo



Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas, Pontes aladas
De pesadelo…
De que esvoaçam,
Brancos, os arcos…
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.
Fundas, soluçam
Caudais de choro…
Que ruínas, (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!…
Trêmulos astros,
Soidões lacustres…
Lemes e mastros…
E os alabastros
Dos balaústres!
Urnas quebradas!
Blocos de gelo…
Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.
Camilo Pessanha

Fato

Muita busca.
Alguns encontros.
Sentimentos puros.
Frustrações.
Majestosos sonhos
e um poema, impublicável.
Boleros sofridos,
reggaes irados!
A eterna luta
entre certezas e incertezas
no deserto da alma,
interpretadas e reinterpretadas
de acôrdo com as conveniências,
que aos vulneráveis poetas...
são sagradas.


Cecília Fidelli.

Entre o céu e o purgatório.

O mundo, no atual "estado de coisas",
está... um Deus, nos acuda!
Onde é que o mundo vai parar?
A questão é meio complicada.
Mas será que não há um consenso?
Fazer um pacto com o diabo,
seria antecipar o apocalipse.
E nós, não aguentaríamos mais um colapso.
Óh! Deus, nos acuda, porque o mundo...
acreditem ou não os novos bárbaros,
é só clarões, bombardeios!
O "cristo" agora seria Bin Laden?
Por onde anda Bin Laden?
Quem sabe foi dar um rolê no nordeste?
Será que ele é o único
a não nos deixar dormir em paz?


Cecília Fidelli.

PENSAMENTO

Sempre se ouvirão vozes em discordância
procurando exercer o errado e nunca o certo.

Procurando exercer influência,
sem aceitar responsabilidade.

Kennedy.

PERGAMINHO SENSUAL

Parece que os poetas,
têm o manual da sedução.
Nunca deixam a gente na mão.

Como amor,
nunca é demais,
estou sempre lendo estes mesmos livros,
estes mesmos versos.

E sempre escolhendo rimas imperfeitas
como dormir... e sonhar.


Cecilia Fidelli.

Solidariedade

Criança carente,
faz parte de uma corrente,
que devemos arrebentar.

Cecilia Fidelli.
Quando eu era pequena e o telefone tocava, eu pensava.
Será que o papai-noel vai me ligar?
Sem chance.
E a sensação de vazio, tomava conta de mim.
Do jeito que a coisa andava...
Ele não vai aparecer com um saco de presentes.
No máximo, uma lembrancinhas.
Estranha felicidade.
Então, eu vagava entristecida.
Ficava treinando o que dizer-lhe quando o encontrasse.
E eu sorria.
Era o maior sorriso do planeta.
Ah! Fui boazinha o ano inteiro!
Mas isso, me soava chantagem.
Ah! se papai-noel aparecesse,
se eu fôsse surpreendida ao acaso...
Até que um dia ele acenou pra mim.
Foi como o reflexo repentino de uma estrela.
Um lindo momento infantil.
Consequencia do instinto cristão.
Vinte e cinco de Dezembro, meia-noite.
Jesus-menino, entre sinos e silêncios.
Felizmente, pelo menos nas crianças,
essa magia não tem fim.

Sabe o que papai-noel me disse?
- Ci, eu só vim ver você!

Retruquei:
- Nunca minta pra mim.


Cecilia Fidelli.

Meu traço

Sou apenas uma poetisa
convicta da possibilidade,
do ser humano
ser totalmente feliz.
Sou apenas uma poetisa
que sonha com a possibilidade da paz.
Sou apenas uma poetisa,
que constata todo dia,
o quanto são indiferentes
e insensíveis alguns humanos...
Sou apenas...
uma indignada poetisa.


Cecilia fidelli.

Encontro e reencontro.

Encanto e reencanto.
Sobrevivo a saudade,
Mas... é tão difícil esperar.

Cecilia Fidelli.

PREFÁCIO DO MEU LIVRO - COISA NOSSA

Cecília Fidelli,
tem nosso respeito, como escritora e mulher.
Sabe, como poucos, falar de sensibilidade,
colocando através das palavras,
um tanto de sua alma, um muito do seu coração
e bastante do seu talento.
É sensível ao escrever e consegue passar ao leitor
a sua criatividade e mensagem com muita facilidade.
É criadora de coisas incríveis como:

"Solidão.
Não fique sòzinho com ela."

ou

"Tem dias que tenho vontade de me dissolver no ar,
ou viajar com o nevoeiro, como poeira.
Cair sobre a grama rasteira...
e ficar".

Como mulher,
sabe falar das coisas da mulher,
sabe falar dos sonhos, paixões e doçuras.
Cecília toca o homem com seus versos envolventes
e com o aroma... de mulher.
Ainda, pelo tanto que tem feio no meio Literário
Alternativo, é orgulho para nós que gostamos
das letras, saber que Cecília, é "Coisa Nossa"
e não abrimos mão de ler tudo o que ela escreve,
como esse livro "perfumado" de poesia.

ARTHUR FILHO

- Editor, professor e escritor -
Porto Alegre - RS - Julho de 2002.

Quanto menos parcial
for a nossa percepção da realidade,
mais chances temos de nos aproximarmos
do todo e melhor entendermos
a realidade a nossa volta.

Cléo Anselmo.

A realização de um sonho,
depende da coragem.
Não da covardia.

Cecília Fidelli.

O poema ao fundo é de autoria de Marcos Franco,
dirigente da extinta SOCIEDADE DOS POETAS ALTERNATIVOS.

Marcos Franco e Cecília Fidelli
Sarau "ENCONTRO DE POETAS"
Julho de 2.000 - -Na ocasião, tivemos oportunidade
de conhecer vários artistas independentes de todo Brasil.
Livraria Futuro Infinito - SP

Entre beleza e espinhos,
desabrocham as rosas do amor.
Mas, as vermelhas,
escravas dos namorados,
vivem sempre muito mais atarefadas
em produzir lágrimas de emoções.

Cecília Fidelli.

O garoto procura a pipa,
que lhe escapa das mãos.
Com o vento, ela bóia e se vai.
Chora o garoto ao descobrir
o quanto é bom tocar.

Cecíla Fidelli.
(Para Fábio M. Fidelli - l994).

- Do livro: Coisa Nossa.

Em algum momento da eternidade,
a gente deve ter combinado assim:
- Nos encontrarmos hoje na terra,
para um amor sem fim...

Cecília Fidelli.

(Para Felipe M. Fidelli)
l979

- Do livro: Coisa Nossa.
Ah! Arregalou os olhos?
Então sinta o perfume.
É a astúcia da primavera!

Cecília Fidelli.

Teu nome.

Vivo a pensar em tí,
Não sei mais se ajo certo,
Não sei mais se ajo errado,
Apenas sei que teu nome me enfeitiça...

Celso Gabriel de Toledo e Silva.
(Arquiteto de Almas)