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Lei número 9.610 - de 19.02.1998.

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

CRISE DE POETA

Lamentavelmente,
nem todo dia sou poeta.

Tem dias que olho a panela vazia,
inflacionada, cheia de emoções
inflamadas e vejo ...
uma panela vazia.

Ô crise insensível,
que mata o poeta e castra
os artistas, que na realidade da
fantasia, diferenciam o sonho,
da dor.

Cecilia Fidelli.
Do livro: Coisa Nossa
Editora Opção 2
2002

HOJE

É justamente porque o tempo passa,
que a gente às vezes se sente injustiçado.

A gente tenta explicar e não consegue,
então vai ao papel confessar tristezas,
revelar fracassos, expôr segredos.

E a gente continua insistindo
em unir-se à felicidade.

Mas, a felicidade, quer continuar solteira.

A tentativa febril não morre.

O sentido de viver é que nos engana
e parece que se vai...

A introspecção dá versões cheias de erros.

Reformular o hoje, transforma-se em
sensação de insensatez.

São muitos os chutes da vida no traseiro?

Entretanto, o passar do tempo
nos torna heróis ou heroínas.

O passar do tempo é assim...
uma loucura divina!

Mas, voltar à um passado longínquo
não quer dizer que vamos encontrar
a mesma pessoa que tanto amamos
e nunca esquecemos.

Cecília Fidelli.

EU CAOS

Por hora,
uma poesia seca,
sem muito efeito,
extraída da noite,
que sofre de insônia.

O baton pensa que é noite de festa,
mas a roupa que veste é o longo,
longo frio da solidão.

Não inventaram ainda,
um corretivo às pálpebras
que eliminem lágrimas.

O rosa pálido dos lábios,
diz que é bom ouvir música nessas horas.
Mas as mãos, não alcançam o botão.

Escrevem automàticamente,
uma poesia sêca, com um final,
razoàvelmente feliz.

É que só quem ama,
trata de questões melindrosas.
Só quem ama,
repete erros assim.

Cecília Fidelli.

Imperfeições.

Na palavra escrita as produções do espírito.
O belo... e o nem tanto.

Eu devia estar na cozinha,
mas estou aqui,
imaginando que você talvez esteja rindo de mim,
zombando das letras, dos traços...

Só sei dizer que a vida é assim.
Uns a adornam com versos,
outros a distrocem sem credos.

Escuta aqui:

Vivo afetando, fazendo vibrar.
Longe de mim torturar.

Vivo escapando das limitações,
tentando enfocar disposições,
propiciando o refletir, pensar, sonhar.

Perigoso é chorar pelos cantos,
armazenar desencantos,
sufocar pensamentos,
reprimir ressentimentos.

Pior seria ter sentimentos, palavras,
e não conseguir dizer nada,
não absorver otimismos,
ou versar por versar.

Versar por versar
sôbre o mais ou menos útil,
vinculando-se a resultados.

Triste seria não sentir o próprio íntimo,
agredir-se, violentar-se, pré-fabricar-se.

Resumindo, TOME CARINHOS!
Tome carinhos que isso, eu garanto,
nunca vai enjoar.

Cecília Fidelli.

Enxugar gêlo... tô fóra.

Meu bem, não deixe de me avisar, quando começar a me trair, lá no fundo de você.
Não deixe de me contar quando começar a fingir, desamar.
O amor não é um miasma emotivo. Não nos obriga a nada. Muito menos... a amar.
O amor é sobretudo, liberdade incondicional.
Está acima do ético, do certo e do errado, do bem e do mal.
Meu bem, sabe como é, né?
Um defeitinho aqui, outro alí...
Se a fúria do sentimento passar, é só me avisar, tá?
Se a fúria do sentimento passar, basta deixar um recado no ímã da geladeira,
dizendo: Deixei de te amar.
Eu, não deixei de te amar, mas... trato é trato.

Cecília Fidelli.

FASE BRANDA

Um vento suave passa despreocupado, pelas flores dessa primavera.
A essência perfumada trás chuva leve e leva os anseios.
Deixa sentimentos frescos e imagens de sonhos,
imprimindo poemas loucos que passam de mãos em mãos.
Um vento morno passa despreocupado,
colorindo de azuis as violetas do céu do amor!

Cecilia Fidelli.

Adolescência...

PRIMEIRO NAMORADO.
VIAJO NO TEMPO.
VELHOS TEMPOS, QUE FICAM PARADOS ASSIM...

CECILIA FIDELLI.

Isso acontece.

Tristeza.
Será que todo mundo sente?
Estou só com o alemão em meu quarto.
Somos íntimos...
estamos afinados. Tristes.
Eu e Friedrich Nietzsche.

Cecilia Fidelli.

Cutucando.

O ELEFANTE IMPRESSIONA PELO TAMANHO,
MAS... ADORA UM CARINHO.

O HOMEM, IMPRESSIONA PELA INTELIGÊNCIA,
MAS, ADORA UMA AGRESSÃOZINHA.

Cecilia Fidelli.

ILÓGICO.

Por incrível que pareça, eu um dia acreditei nas pessoas.
Tocava o mundo sem medo, exaltava a vida de manhã cedo
e considerava um presente algumas horas com amigos.
Como o tempo nunca termina, sempre com muita euforia,
ao longo do caminho, fui descobrindo que elas têm maneiras
muito cafajestes de refletir suas sombras escuras.
Frios homens, falsas mulheres, inseminando, sempre
artificialmente emoções bactérias, muito fortes.
Quase invencíveis.
Paixões e Violências.
Cenas de crimes que cometem com uma certa lucidez,
sem saber que armazenam suas próprias cicatrizes,
sem contarem com o futuro.
Por incrível que pareça, eu um dia acreditei no ser humano.
E acredito que os que virão, já assustam.
Que futuramente, o mundo, se tornará um imenso albergue.
Noite, à luz do dia.
Consôlo: RESTAM AINDA OS ANTI-DEPRESSIVOS.

Cecília Fidelli.

Eu, mulher.

- Se sou uma sonhadora,
você é o meu sonho.

- Se sou uma princesa,
você é o meu príncipe.

- Se sou uma flor,
você é o meu solo.

- Se sou a sensibilidade,
você é o meu poema.

Então, ao me seguir ao vento,
agarre-se em minhas asas, e
vamos voar.

Cecília Fidelli.

Brasil. 500 anos.

Brasil, eu queria muito ir à sua festa de aniversário.
Mas não tenho roupa, não tenho sapato, nem dinheiro pra condução.
Estou desempregada.
Pensando bem, acho que vou pelada, como os índios, de
500 anos atrás.
Não posso perder mais um teatro de fantoches em comemoração.
Sugiro que rezem uma missa, nem que seja a última missa,
com o gato do padre Marcelo, claro!
Só alegria!
É erguer as mãos e dar glória a Deus!
Brasil. 500 anos!
Parece que de uns tempos pra cá há um carnaval a mais a se comemorar.
Há?
Prefiro ficar alheia a essa farsa, já que o Brasil nem sabe da minha
existência, já que nós, o povo, somos um zero à esquerda.
Brasil. 500 anos. Velhas promessas.
Que diferença faria eu estar extasiada ou não?
Terra a vista!
Brasil, 500 anos, mas eu já ví esse filme antes.
Depois dessa certa idade, você já sabe o que vai acontecer com seus filhos?
Abraços verde-amarelo!
Mas deixo registrado o meu desagrado:
É o povo quem movimenta o Brasil,
mas a politicagem... retarda o movimento.

Cecília Fidelli.
- Publicado no COIZINE/SAULO DIAS
Maio/Junho de 1999 - Ano 1 - Edição número 5 -

Filosofando.

O estado de tristeza é comum ao ser humano.
Às vezes ele chega do nada e depois vai embora,
deixando sequelas que nunca serão arrumadas.

Laerçon J. Santos.

Impressão

Vitral.
Medieval.
Rimas ao acaso.
Coisas de poeta
que se expressa
em múltiplas cores.
Cores de poeta,
que com alguma frequência
é visto em preto e branco.

Cecília Fidelli.

Conselho.

Até uma grata lembrança
pode acabar com a solidão.
Portanto, sonha primeiro.
Depois chora.

Cecilia Fidelli.

Em um dia sou Cecília,
no outro já sou Lispector.
Tenho dias de Neruda...
E noites em que sou espectro.
Sou poesia ao luar,
menina, mulher e criança.
Fases de frieza e delírios,
fases de ódio e bonança.
Como a lua modifico,
cada dia uma estação.
Vivo máscaras de vida,
pra encobrir o coração.

OBS: Esse poema sob o título Máscaras,
é um presente da poetamiga
REGINA XAVIER.

A solidão revela.



Magoado e ressentido.
Sofrimento, sem motivo aparente.
Condição dolorosa quando o poeta
atravessa a vida e vê só espinhos
em seu imenso jardim.
Entediado com o mundo físico,
irradia inanimado sorriso.
Sólido alicerce
para fulgurar sol sem luz.
Mas amarguras
não cativam ternuras.
E o poeta, frágil, inseguro
faz um esforço evolutivo:
Ama até sem ser amado.
De qualquer modo,
muitas e muitas vezes,
deixa de lado
o seu próprio coração.

Cecília Fidelli.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011


Retrospectiva.

A sensação de voltar no tempo,
rompe as muralhas do silêncio.
Há muito ainda que viver.
O melhor da vida pode estar só começando.
2010 valeu por uns quarenta anos!
Alguns sonhos ressurgiram
deixando grandes expectativas.
Foi pra marcar.
O melhor da vida, pode estar só começando.
Espero não estar acreditando demais.

Cecília Fidelli.