Brasil, eu queria muito ir à sua festa de aniversário.
Mas não tenho roupa, não tenho sapato, nem dinheiro pra condução.
Estou desempregada.
Pensando bem, acho que vou pelada, como os índios, de
500 anos atrás.
Não posso perder mais um teatro de fantoches em comemoração.
Sugiro que rezem uma missa, nem que seja a última missa,
com o gato do padre Marcelo, claro!
Só alegria!
É erguer as mãos e dar glória a Deus!
Brasil. 500 anos!
Parece que de uns tempos pra cá há um carnaval a mais a se comemorar.
Há?
Prefiro ficar alheia a essa farsa, já que o Brasil nem sabe da minha
existência, já que nós, o povo, somos um zero à esquerda.
Brasil. 500 anos. Velhas promessas.
Que diferença faria eu estar extasiada ou não?
Terra a vista!
Brasil, 500 anos, mas eu já ví esse filme antes.
Depois dessa certa idade, você já sabe o que vai acontecer com seus filhos?
Abraços verde-amarelo!
Mas deixo registrado o meu desagrado:
É o povo quem movimenta o Brasil,
mas a politicagem... retarda o movimento.
Cecília Fidelli.
- Publicado no COIZINE/SAULO DIAS
Maio/Junho de 1999 - Ano 1 - Edição número 5 -
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