Mentalizo o sabor de coisas boas, que se tornaram tristes.
Bolinhos de chuva e sopinha de mãe.
Receitas eficazes que tranquilizavam a alma.
Ao som da panela de pressão me vem à memória
o franguinho ensopado com cenouras fulmegantes!
Poções mágicas que tinham a eficiência da refeição de um hospital.
Tenho fome de atenção e carinhos verdadeiros.
Tenho cogumelos trancados no vidro das emoções,
escondidas dentro do armário.
Tenho o coração conturbado.
Tenho uns poucos legumes secos na fruteira,
uma couve muito amarga na geladeira deste inverno
e a tristeza, não é nada nutritiva, mas no momento,
me parece básica.
Reviver emoções, simplesmente acontece.
Revivo emoções sobre a mesa vazia de um almoço de domingo,
pela falta daquele rosto, às vezes sorridente,
outras vezes rabugento.
Entretanto, gosto de pensar no gôsto do chá mate com limão,
da meninice das tardes de verão, que me deixou tão vulnerável,
a lembrar de coisas boas, que se tornaram tão tristes
ao longo do tempo que passou por nossas vidas.
Saboreou?
Cecília Fidelli.
- Para minha mãe: Aracy M. Stelmasçuk
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