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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ele

Sentado no meio fio,
continua invisível.
Com a mão estendia,
tenta garantir o anestésico do dia.
Não sente mais tanta fome
e nunca soube o que era lar.
As pernas inchadas já possuem uma cor avermelhada
e a barba falhada cobre algumas partes do seu rosto.
O corpo magro possui uma camuflagem de sujeira
de onde exala um odor marcante.
Os cabelos se juntam,
formando cones grudados.
O eterno silêncio o transforma em uma estátua viva.
Espasmos trêmulos anunciam que ali ainda existe vida.
Carros passam diante de seus olhos.
Motos e ônibus variam a paisagem.
Pessoas passam de um lado para outro.
Moscas e mosquitos já lhe são os únicos amigos.
Baratas e ratos fazem vistas também.
Restam poucos dentes
e o pus escorre dos cantos dos olhos.
O papelão disfarça o frio que emana do chão
e não tem ninguém para chamar de irmão.
Assim vive mais um homem.
Degradação, esquecimento e atropelo dos escombros sociais.
Assim é sua vida.
Nada mais.

Fábio da Silva Barbosa.

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