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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Fábula a Álcool


Era uma vez, um país que disse ter conquistado a independência
energética com o uso do álcool feito a partir da cana de açúcar.
Seu presidente falou ao mundo todo sobre a sua conquista e foi
muito aplaudido por todos.
Na época, este país lendário começou a exportar álcool até para
outros países mais desenvolvidos.
Alguns anos se passaram e este mesmo país assombrou novamente
o mundo quando anunciou que tinha tanto petróleo que seria um
dos maiores produtores do mundo e seu futuro como exportador
estava garantido.
A cada discurso de seu presidente, os aplausos eram tantos que
confundiram a capacidade de pensar de seu povo.
O tempo foi passando e o mundo colocou algumas barreiras para
evitar que o grande produtor invadisse seu mercado.
Ao mesmo tempo adotaram uma política de comprar as usinas
do lendário país, para serem os donos do negócio.
Em 2011, o fabuloso país grande produtor de combustíveis,
apesar dos alardes publicitários e dos discursos inflamados de
seus governantes, começou a importar álcool e gasolina.
Primeiro começou com o álcool, e já importou mais de
400 milhões de litros e deve trazer de fora neste ano um recorde
de 1,5 bilhão de litros, segundo o presidente de sua maior
empresa do setor, chamada Petrobras Biocombustíveis.
Como o álcool do exterior é inferior, um órgão chamado ANP
(Agência Nacional do Petróleo) mudou a especificação do álcool,
aumentando de 0,4% para 1,0% a quantidade da água, para
permitir a importação. Ao mesmo tempo, este país exporta o
álcool de boa qualidade a um preço mais baixo, para honrar
contratos firmados.
Como o álcool começou a ser matéria rara, foi mudada a
quantidade de álcool adicionada à gasolina, de 25% para 20%,
o que fez com que a grande empresa produtora de gasolina deste
país precisasse importar gasolina, para não faltar no mercado interno.
Da mesma forma, ela exporta gasolina mais barata e compra mais
cara, por força de contratos.
A fábula conta ainda que grandes empresas estrangeiras,
como a BP (British Petroleum), compraram no último ano várias
grandes usinas produtoras de álcool neste país imaginário,
como a Companhia Nacional de Álcool e Açúcar, e já são donas de
25% do setor.
A verdade é que hoje este país exótico exporta o álcool e a
gasolina a preços baixos, importa a preços altos um produto
inferior, e seu povo paga por estes produtos um dos mais altos
preços do mundo.
Infelizmente esta fábula é real e o país onde estas coisas irreais
acontecem chama-se BRASIL.

Célio Pezza - Escritor.

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